O termo Game Design ganhou notoriedade e uso corrente nos últimos tempos e vem sendo usado para indicar uma parte do desenvolvimento dos jogos de computador. No entanto, por falta de uma "tradução" mais eficiente e adequada, cada um que se refere ao termo tem uma visão pessoal do que vem a ser game design.

Em primeiro lugar, a palavra design não encontra similar na língua portuguesa. Não é desenho. Não é beleza ou "estilo". Nos cursos de Desenho Industrial (Industrial Design), desde os anos 60 que a palavra design é usada com o sentido de projeto. Porém projeto também não é uma palavra adequada, porque em nossa cultura projeto é algo que ainda não foi feito (está em fase de projeto).

É plenamente aceito em todas as culturas ocidentais pós revolução industrial que o termo design se aplica à junção de dois conceitos importantes e interrelacionados: forma e função. Assim, a forma do objeto determina a sua função e ao mesmo tempo é determinada por ela.

Mesmo sendo relativamente fácil compreender esses conceitos, quando saimos do âmbito do tridimensional (objetos físicos) e transpomos os conceitos para o mundo bidimensional (produções gráficas) a tendência é haver um pouco de dificuldade na identificação dessa interrelação. Não nos esqueçamos que um jogo de computador é essencialmente um produto relacionado ao mundo bidimensional (mesmo os jogos 3D).

Na bidimensionalidade o design ganhou uma segunda designação que ora se traduz como Comunicação Visual e ora como Programação Visual, porém ainda aqui encontramos a aplicação dos mesmos conceitos de forma e função. A forma determina a função ao mesmo tempo em que a função determina a forma.

Se juntarmos isso às questões econômicas pertinentes a época em que vivemos, podemos recorrer a Paolo Tedeschi, que por volta de 1962 escreveu em seu livro A Gênese das Formas e o Desenho Industrial o seguinte:

Se é inegável que a aquiescência ao gosto do comprador é um dos aspectos negativos do Styling norte americano, é verdade por outro lado que um dos objetivos do desenho industrial em qualquer país é o de contribuir para o aumento do volume das vendas, seja criando artigos novos, seja melhorando os aspectos funcionais e estéticos dos já existentes e provocando aquilo que os economistas chamam de "o sentido da necessidade" e os técnicos de venda chamam de "o atrativo do comprador".

Ou seja, Game Design não é apenas a parte de programação (aqui usada no sentido computacional mesmo), mas a elaboração do jogo de tal forma que ele se adeque perfeitamente à plataforma onde irá operar, além de inovar na forma e na funcionalidade, tal que isso represente um aumento significativo de vendas. Portanto o Game Design não começa pela programação, mas sim pela definição das formas e das funções e a programação é um mero intermediário entre os conceitos e a sua realização, para operar em ambientes computacionais.

Podemos então trocar o uso corrente dos termos "fazer um jogo" ou "programar um jogo" para termos mais adequados, ou seja "projetar um jogo". Ainda assim, não se enquadraria aqui os termos "criar um jogo", pois o conceito "criar" é bem mais amplo.

Um Game Designer não cria jogos necessariamente mas projeta-os em função de conceitos já definidos. É essencialmente um trabalho metódico e nada tem a ver com a programação solitária, feita nas horas vagas por entusiastas da informática (muito embora esses últimos possam "criar" um jogo novo quase que sem perceber que o fizeram).

Planejar e projetar um jogo de computador é relaticamente simples. A parte técnica refere-se essencialmente ao conhecimento das máquinas (ou plataformas) e da forma como funcionam, ao conhecimento (não necessariamente domínio) das técnicas de programação e das ferramentas auxiliares. A parte funcional refere-se ao conhecimento e domínio das técnicas de comunicação visual e sonora, adaptada aos modernos dispositivos computacionais.

Portanto, um Game Designer é antes de tudo um planejador e projetista, ao mesmo tempo que Game Design é o conjunto resultante da aplicação dos conceitos de forma e função.