Esqueça
tudo o que já leu e ouviu sobre criação de
jogos em computador. Se você é do ramo (entenda-se:
chegado em um game) e quer ir além do simples ato de jogar,
não clique no botão de avançar do seu "bráuzer",
antes de ler este pequeno texto.
No
começo foi mais ou menos assim: não dava para evitar,
afinal estava tudo lá mesmo. O micro, o monitor, o teclado
e, quem sabe até mesmo um joystick. Então, como
resistir à tentação de rodar um "joguinho"
só para ver como funcionava a coisa? É como na vida
real: depois da primeira vez fica impossível não
querer mais. Quando você percebeu, já havia se transformado
num "fissurado em games". Estou certo ou errado?
Bem,
se estou certo (e tenho certeza disso) vamos em frente. Depois
desta iniciação você se tornou um jogador
freqüente. Fala o mesmo idioma que a maioria dos usuários
de micros (a garotada, melhor dizendo) e, de vez em quando, até
se arrisca a quebrar um ou outro recorde.
Ainda
estou acertando? Continuemos então... Você tem acesso
aos lançamentos do mercado (via internet, claro) e nota
que a qualidade dos jogos vem aumentando muito. São produções
de fazer inveja ao cinema. É ou não é? (pelo
menos em relação ao cinema tipo B). Você está
tão entusiasmado com esse ramo da informática que
começa a imaginar o dia em que os jogos saltarão
do vídeo para a tridimensionalidade da sua casa - refiro-me
àqueles papos de holografia, realidade virtual, inteligência
artificial, etc, etc, etc.
Mas,
enquanto tudo isso não acontece você vai se divertindo
mesmo é com as novidades que aparecem. Está achando
que isso é pouco? Considera que alguns jogos poderiam ser
melhores, mais bem resolvidos? Já esgotou a sua paciência
com aquele jogo... paciência, do Windows, e quer algo mais
fantástico, mais emocionante? Não quer esperar pelo
ano 2050, quando então os jogos serão reais (ou
quase isso)?
Você
só tem uma saída: faça você mesmo o
seu maravilhoso jogo. É fácil! E tem mais: é
muito mais divertido do que jogar - já pensou no sucesso
que faria presenteando um amigo com um game feito por você
mesmo?
Já
sei, está achando que não é capaz e que seu
conhecimento sobre programação não é
suficiente nem para começar. Concordo com você e
ainda digo mais: numa escala de 1 a 100 a sua nota, como autor,
seria negativa em pelo menos 50 pontos. E sabe por que? Você
pelo menos já tentou escrever um jogo em computador (não
vale aquele de adivinhar o número)?. Já?? Não???
Não
importa, pois se você tivesse tentado algo e se tivesse
algum resultado, a tribo inteira dos micreiros já estaria
sabendo pelo menos o seu nome. É isso mesmo: quem cria
jogos de computador atinge os "píncaros da glória"
(gostou dessa??? então o que está esperando para
ler este artigo com um pouco mais de atenção?).
Bem,
vamos lá (espero que já tenha me perdoado pela nota
negativa). Diga para você mesmo: EU
VOU CRIAR UM JOGO DE COMPUTADOR (o pessoal da
TILT vai ajudar só um pouquinho). Note
que não falei em prazo e nem foi especificado que tipo
de jogo você DEVERÁ fazer. A escolha é toda
sua. Vá em frente e escolha um tema.
Já
escolheu? Ainda não? Estou esperando... Muito bem, seja
lá o que você queira fazer o seu segundo passo para
o sucesso já foi dado (o primeiro passo foi agüentar
a leitura deste texto até aqui).
Agora
que noventa por cento do jogo já foi feito (é isso
mesmo) então vamos descansar um pouco e bater um "papo
sério" sobre programação. Já sei,
você nem sabe o que é isso, não é mesmo?
Sorte sua, pois assim você não perderá seu
precioso tempo tentando fazer um programa acadêmico e que
no final resulte numa chatura de torrar o cérebro.
Conhecimentos
sobre linguagens de programação, de baixo e de alto
nível serão bem vindos (mas não se desespere
pois nada na vida é essencial, a não ser um montão
de coisas).
Você
conhece e domina Assembler e C++? Gênio, fantástico,
sensacional, etc. Você é um cara de sorte, ou louco,
ou ainda ambas as coisas. Tá bom, eu estou brincando e
fazendo piadas (meio sem graça, reconheço), mas
isso tudo tinha um só objetivo: convencer você de
que é uma experiência maravilhosa conseguir criar
um jogo, do começo ao fim. Sentir que, independentemente
do grau de conhecimento técnico que possua, pelo menos
um jogo você "deu conta" de executar, ainda mais com as
ferramentas e programas de que dispomos hoje em dia.
E,
para fazer um jogo do começo ao fim a primeira coisa a
ser feita é decidir fazê-lo. Gostou dessa? É
isso mesmo. Se você chegou até aqui e quer continuar,
então não perca mais tempo, acomode-se melhor em
sua cadeira, relaxe e vamos dar um passeio pelo fantástico
mundo da criação de jogos em computador (agora é
pra valer).
Um
pouco de bom senso ajuda
Em primeiro
lugar, você precisa certificar-se que já superou
aquela fase de achar que irá criar o melhor jogo da década.
Não vai e vou explicar os motivos.
Um
jogo comercial é produzido por equipes que chegam a ter
dezenas de profissionais altamente qualificados. Além disso
eles ganham para fazer esse trabalho e tem todo o seu tempo disponível
para realizar as etapas necessárias à criação
propriamente dita. Tenho certeza que seu caso não é
o de competir com esse pessoal, não é mesmo? Então
o que nós, pobres mortais terceiromundistas, podemos fazer?
Desistir?. A resposta é um redundante NÃÃÃÃOOOOO!!!!!!
Os
produtores comerciais dispõem sim de estruturas grandes
e complexas, equipes treinadas e todos os tipos de equipamentos
possíveis e imagináveis. Isto implica em um vultoso
investimento (grana, dinheiro, cacau, money, etc). Então,
esse pessoal não pode errar, ou seja, quando eles produzem
um jogo o dito cujo TEM QUE
fazer sucesso (sucesso = vender muito = faturar muita grana).
Os
termos desta equação são tão grandes
hoje em dia que, para evitar uma furada, é preciso gastar
mais grana ainda pra convencer todo mundo que aquele lançamento
é mesmo uma maravilha. Vale matérias em revistas
e jornais especializados, paparicar jornalistas e analistas, ganhar
concursos, aparecer na TV, etc, etc, etc. Isto chama-se marketing.
Da próxima vez que ler "maravilhas" sobre um determinado
jogo considere que alguém pode estar "embarcando na canoa"
sem nem saber.
Este
não é certamente nosso caso. Queremos apenas e tão
somente escrever um joguinho como entretenimento e, quem sabe
até, receber alguns elogios dos colegas. E já que
este é definitivamente o nosso caso, vamos lá.
Em
primeiro lugar...
...não complique, simplifique. De nada adianta tentar escrever
a saga do rei da babilônia, com um milhão de efeitos
sonoros e gráficos se você não tem tempo para
isso (vamos chamar nossa ignorância de falta de tempo, tá
legal?). Pense em algo mais simples, por exemplo um quebra-cabeça
(quando você parar de rir, continue a leitura só
mais um pouco).
Outro
dia, ao visitar uns amigos, encontrei-os tentando resolver um
quebra-cabeça meio sem graça. O jogo era realmente
bobinho, mas o que fazia sucesso era uma foto digitalizada, dividida
em diversas partes, que ia sendo apresentada conforme o jogador
resolvesse cada quebra-cabeça. Se demorasse muito na resolução,
um determinado pedaço da foto sumia. Acho que nem preciso
dizer que, na verdade, o sucesso mesmo estava na garota nua da
foto. Pelo menos eu acho que era isso pois até hoje eles
não resolveram todos os quebra-cabeças e portanto...
Isto
nos mostra que, além de mulher nua fazer muito sucesso
e ser apreciada pelos marmanjos, não é propriamente
o jogo que prende o jogador, mas o que ele traz implícito
em sí mesmo.
Lembro
de um jogo do 21, que era fantástico. Não o jogo
propriamente dito, mas como ele foi resolvido. O 21 é aquele
famoso jogo onde existem 21 palitos e cada jogador (humano versus
computador) pode retirar até três. Ganha quem retirar
os últimos. O jogo em questão havia trocado palitos
por robôs (seu nome era Andróide NIM).
Um robô especial se encarregava de eliminar os robôs
retirados do jogo, usando para isso uma pistola laser. A graça
estava na animação, produzida com efeitos especiais.
Voltando
ao nosso assunto, não faça economia cerebral e dê
uma boa balançada em sua cabeça. Tente fazer o cérebro
"pegar no tranco" e comece a rabiscar idéias, nomes de
jogos, brincadeiras, etc. Tudo o que você achar engraçado
deve constar desta lista - se você teve infância,
ou se ainda está nela, tente se lembrar das brincadeiras.
Algumas podem até resultar em bons jogos.
Outra
coisa, não pense que jogos como batalha naval, velha, forca
etc já estão mais mortos do que vivos e nada mais
tem a nos oferecer, a não ser num museu do software. Nada
disso.
Não
faz muito tempo que um jogo, chamado ARKANOID,
fazia o delírio da galera. Sabe quem é esse jogo?
O velho paredão, tipo telejogo Philco da década
de setenta. Pois então, vê como ainda tem muita coisa
pra fazer?
Comece
pelo começo
Tente organizar melhor suas idéias. Escreva tudo o que
lhe vier à mente. Faça esboços, rabiscos,
etc, etc, etc. Mas lembre-se sempre que, antes de iniciar a fase
de programação, você precisará ter
realmente decidido o que irá fazer. Já vi muitos
"autores", depois de perderam meses de trabalho, chegarem a conclusão
que o resultado não passava de uma droga, quando chegavam
a algum resultado.
Se
já passou por tudo isso e ainda está disposto a
trabalhar, então comece a pesquisar os produtos que o mercado
lhe oferece para auxiliá-lo na fase de programação.
Existem diversos programas que são, na verdade, editores
de jogos. Eles alcançaram um desenvolvimento incrível
nos dias atuais e não se pode mais abrir mão de
um punhado deles. Descrevê-los aqui nos obrigaria a estender
este artigo por mais uns mil megabytes e não é esse
nosso propósito.
Não
querendo usar esses pacotes, parta para a programação
propriamente dita. Lembre-se que a escolha da linguagem é
o ponto crítico do negócio. Esqueça o que
todo mundo diz sobre esta ou aquela linguagem e use uma que, de
preferência, você conheça razoavelmente bem.
Se
nunca teve contato com o assembler, esqueça-o. Se nunca
conseguiu entender C, ignore-o. Se só o que você
sabe é Basic ou Pascal, bem..., o Delphi está deixando
muita linguagem nobre no chinelo. Agora, por favor, Word e Excel
nem pensar...
Enfim!
Pois muito bem, você chegou até aqui e nem por isso
se sente tentado a criar seu próprio "joguinho", sorry.
É uma pena pois está perdendo uma diversão
e tanto e, de quebra, deixando de lado um passatempo capaz de
lubrificar os cérebros mais empoeirados.
Caso
sua imaginação já esteja rodando a 850 Mhz
e o cérebro transmitindo em 56 mil bps, vá em frente
e não se esqueça: se precisar estaremos aqui mesmo,
neste bat site e neste bat e-mail. Escreva contando suas experiências
e descobertas. Quem sabe num dia desses você estará
mandando de presente aos amigos um game by você mesmo.
E
se perdeu alguma coisa, acabou de chegar de marte ou estava sem
poder conectar por causa da companhia telefônica, em nosso
club TILT você
terá o mapa da mina para recuperar o que ficou para trás. |