João
era um jovem audacioso, corajoso, ambicioso e mais alguns "oso".
Tinha passado toda a sua adolescência lendo sobre carros
e então decidiu que seria um "construtor".
Pegou
o carro de maior sucesso de vendas do momento e analisou-o: carros
são feitos de aço e borracha, logo, usando aço
e borracha eu farei um carro igual, pois assim fazem os grandes
construtores.
Entrou
para a faculdade de engenharia mecânica e estudou no mínimo
12 horas por dia, até se formar. Montou uma pequena oficina,
comprou aço e borracha e montou seu carro. Foi um desastre.
O carro era de fato feito de aço e borracha, mas com uma
aparência de arrepiar.
Desiludido,
já pensava em abandonar seu projeto de vida quando um amigo,
que havia acabado de comprar um carro zero quilômetro o
encontrou. Perguntou João, ao amigo: qual foi o critério
que você usou para decidir a compra por este carro e não
por outro?
A
resposta veio de forma simples: achei esse o mais bonito de todos.
Arrojado, elegante, uma obra de arte.
João
se animou. Rasgou os livros técnicos e matriculou-se em
uma escola de belas artes. Estudou com afinco anos seguidos e
voltou para a sua oficina. Algum tempo depois produziu o que achava
seria a obra do século: seu carro. Todos que o viam, babavam.
Coisa maravilhosa, porém com um grave defeito: não
andava. Pelo menos não andava como deveria. Consumia litros
de combustível por quilômetro rodado.
Desiludido,
já pensava novamente em abandonar seu projeto de vida quando
outro amigo, que havia acabado de comprar um carro zero quilômetro
o encontrou. Perguntou João, ao amigo: qual foi o critério
que você usou para decidir a compra por este carro e não
por outro?
Respondeu
o amigo: a potência. Piso no acelerador e ele responde com
um ronco espetacular. Vai a 100 Km em menos de um segundo.
Entusiasmando,
João voltou aos estudos e finalmente construiu a sua "máquina".
Um verdadeiro bólido turbinado, movido a querosene de aviação.
Foi um fiasco, porque andar com aquele carro, só em linha
reta.
Desiludido,
já pensava novamente em abandonar seu projeto de vida quando
um terceiro amigo, que havia acabado de comprar um carro zero
quilômetro o encontrou. Perguntou João, ao amigo:
qual foi o critério que você usou para decidir a
compra por este carro e não por outro?
Nenhum
critério, respondeu o amigo. Entrei numa concessionária
para perguntar onde era a farmácia mais próxima
e o vendedor que me atendeu começou a falar do novo lançamento
deles. Falou tanto, que fiquei impressionado. No dia seguinte
voltei lá e comprei o carro.
João
exultou por encontrar a resposta. Voltou aos estudos: psicologia,
vendas, relações humanas e por aí afora.
Voltou à oficina mas descobriu que não tinha o que
vender.
Finalmente
desistiu dos carros. Não queria mais ser um "construtor".
Não entendia onde tinha errado. Não enxergou o óbvio,
que o carro de sucesso não era resultado de apenas um aspecto
isolado, mas de um conjunto deles e que agiam de forma harmoniosa
com o todo. Embora para cada pessoa houvesse uma razão
principal para a escolha e compra do carro, as outras razões
estavam presentes também. O que é importante para
alguns, pode não ser para outros. Mas o conjunto "carro"
tinha que atender a um nível de satisfação
igual para todos.
Mas
João não era uma pessoa que desistisse da vida,
então voltou-se para um segundo assunto do qual gostava
muito: jogos de computador. Resolveu que seria um "desenvolvedor".
Pegou
um jogo de grande sucesso de vendas e analisou-o: jogos são
feitos em 3D e C++, logo, usando 3D e C++ eu farei um jogo igual,
pois assim fazem os grandes desenvolvedores...
Hoje
João cuida de um jardim numa fundação internacional
e, nas horas vagas, defende uns trocados como motorista de taxi
em sua cidade. Finalmente encontrou a felicidade.
Obs do programador:
o que é que carros tem a ver com jogos?
Obs
do designer: precisam inventar logo o DVDrom de
200 Gb.
Obs
do vendedor: faltou um spot, no horário
nobre da TV.
Obs
do amigo: preciso trocar de microcomputador.
Obs
do RD: margaridas e orquídeas - ambas são
flores.
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